Ao me deparar com o canto encontrei memórias distantes, memórias não confinadas, uma poeira encontrou a outra, unidas por uma vontade de escapar de um isolamento longo, a vontade de quebrar a rotina da imagem, do ambiente, da paisagem, me levaram a outros lugares, representados aqui por esses desenhos, mínimos em forma.
Mapa Cartografia é uma videoarte onde trabalho com a LSE (legenda para surdos e ensurdecidos) como uma ferramenta poética, em total dissonância com o som. As duas linguagens foram pensadas a partir de reflexões sobre o as minhas relações, o espaço e meu isolamento particular, que quando expostos deixam de ser só meus. Palavra e som dispensam imagem e, não só por uma caminhada em quarentena, poesias e músicas necessitam de espaços, silêncios.
[ruídos] [mulher bebe água] [rangido] [passos] [derruba objeto]
A casa dele infelizmente aconteceu aquela tragédia, Demais sessão da tarde, oferecimento madeiro sabor de casa é para sempre, nananana
[estalo de metal] [portas fechando] [ligando fogão e timer]
[Mãe] Sofia?
[Sofia] Que [apito]
[Mãe] É o que, que é isso?
[Sofia] Trabalho
[Mãe] ah?
[Sofia] Trabalho
[Mãe] AI, Graças a Deus
[Batida] [Mãe] Ai So, você quer me matar do coração.. Quer alguma ajuda ai?
[Sofia] Não
[Mãe] Cuidado hein
[vidro sendo arrastado] [copo enchendo] [plástico]
[batida] [Sofia] Ai
[balançando ração] [porta rangendo] [som desafinado de cordas] [descendo escada]
[torneira] [batendo toc toc] [porta abrindo]
[vento] [pássaros cantando] [mulher falando ao fundo] [passos] [passos arrastados]
[destrancando portão] [vento forte] [subindo escada]