Este trabalho envolve uma proposta serial, com duas caixas finalizadas e outras no
plano das ideias, sendo amadurecidas em conceitos e códigos. Todas elas são concebidas com
algum componente eletrônico que possibilite uma reação ou interação entre o objeto e o
espectador; a partir desse encontro, cada caixa emite uma mensagem visual ou sonora.
Escrevo a programação em linguagem c++, monto os circuitos internos das caixas através de
prototipagem com placas Arduino e então busco por componentes e recursos que possam ser
adaptados para as funções necessárias às ideias de cada objeto. A marcenaria foi terceirizada
com instruções claras: devem-se evitar acabamentos perfeitos e o uso de madeiras
processadas (compensados e MDFs).

A tecnologia como matéria e o acabamento das caixas pontuam uma ambivalência da
série: a madeira cortada e colada imperfeitamente, deixando à vista marcações de corte e
medidas, escorridos de cola e desencontros das próprias madeiras; tudo isso combinado com
diversos componentes eletrônicos gera uma qualidade estética muito conhecida para nós,
brasileiros, uma alusão à gambiarra, à invenção, à improvisação. Os encontros entre o novo
e o velho, entre o trabalho de marcenaria e o de prototipagem, lembram o conceito abordado
por Arlindo Machado no qual o universo visual caminha em direção à síntese, ao mesmo
tempo em que aponta para sua natureza híbrida, conclusão de referências distintas e
contraditórias (MACHADO, 1997).